Esses dias ouvi a
história de uma pessoa triste, já sabíamos que ela andava assim, mas temos a
certeza que a solidão ataca o espírito da pessoa quando ela têm a necessidade
de falar para outra pessoa, palavras
agressivas, em um simples telefonema em uma tarde desocupada durante a semana, “para uma amiga”, dá dó, pois não se trata de
solidão, mas da índole da “pessoa amargurada”. Ela é maleável, pessoas submissas são assim,
maleáveis para se adaptar a solidão que vivem, por estarem mal acompanhadas,
mas também pela necessidade que possuem de culpar os outros pelos seus
problemas, pelas suas escolhas. Quando a pessoa não está bem consigo mesma,
quando não digere mágoas, perdas e tristezas, apresenta o terreno propício para
que nela se instalem sentimentos negativos. Pode haver, nesses momentos, dois
tipos de reação: a daquela que se sente só e definha, e a de quem se sente só e
agride. A solidão é o estado de quem não sabe participar da vida. Há quatro
grandes aspectos em que é possível o ser humano se realizar: o afetivo, o
profissional, o social e o pessoal. Até pode ser bem-sucedido em alguns deles.
Mas justamente no aspecto pessoal, em que descobre quem é... é onde se instala a solidão. A solidão não é
apenas circunstancial, para quem não alimenta sonhos, não tem objetivos, não
vibra positivamente e não é otimista diante dos acontecimentos, é difícil
viver. Para no tempo e ali fica, emperrado. As pessoas solitárias normalmente
são pessimistas, pois ruminam sempre o lado negativo, queixam-se de tudo e de
todos, e não sobra nada para ser avaliado. Experimentam uma tristeza que não
explicam, mas que as afasta dos outros. É preciso vasculhar muito para saber o
que aconteceu com elas, para ajudá-las a sair dessa situação. Há ainda a
solidão do relacionamento. Tanto a mulher quanto o homem, quando são fechados
diante do companheiro (a), alguns são naturalmente inseguros, precisam ser
assim, são os famosos falsos moralistas, não sabem como trocar experiências,
não têm preceitos, e se têm, são falsos, feitos de vidro, se quebram. A pessoa só nunca terá com quem repartir, não
tem quem lhe dê a mão, mesmo estando “acompanhada”. A primeira coisa que alguém
em estado de solidão deve fazer é saber por que se sente só, vazio, infeliz,
rejeitado e desinteressado de tudo. Há na pessoa uma mágoa profunda que vem de
longe. Ela tem medo das pessoas, sente depressão e angústia. Nesses momentos, o
importante é ir ao encontro da verdade e tentar administrá-la, com o intuito de
superar esse estado. Ficar sentada esperando que tudo caia do céu é utopia. Não
é preciso uma experiência mística para descobrir que o mundo é bom. Basta
perceber as coisas belas e simples a sua volta. Se
és capaz de ver o que é belo, é porque traz a beleza dentro de si, já que o mundo é um espelho, e devolve a cada
homem o reflexo de seu próprio rosto.
(Renata Bottura)
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